sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cellos do Inferno Verde

Quem já viu a Orquestra de Violoncelos da Amazônia, sob o comando do maestro e professor Aureo de Freitas, não perde por nada o concerto na Praça da República que vai reunir ainda as bandas Álibi de Orfeu e Tennebrys, duas das bandas associadas da Pró Rock. É um sonho que quase todo roqueiro paraense hoje tocar com a Orquestra (inclusive meu). Aureo, que é PhD em Educação Musical pela University of South Carolina (EUA), se prepara para viajar para Londres e Pequim para concertos com a Alibi de Orfeu. Ainda dependem de passagens mas tenho certeza, e se depender do apoio dos nossos, que eles estarão lá, representando o Pará com muita qualidade sonora. O Concerto é amanhã a partir do meio-dia na Praça da República.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Terruá Pará

Fernanda Takai ajuda a redescobrir um novo Brazil

A repórter Gil Sóter escreveu uma excelente reportagem para a revista Living em que mostra o hype em torno da música popular cabocla paraense. Digo música popular cabocla e esse nome me soa estranho e nem deve soar bonito aos ouviso dos jovens cantores, musicistas e compositores da nova MPB. Mas é o nome que achei pois não se trata da música pura de raiz. Pinduca, por exemplo, é contraposto a Verequete, por ser um viosionário moderno. E isso tem um pouco a ver com sua cabloquice, se é que se pode dizer.
O deslumbramento do caboclo com as maravilhas da modernidade lhe atraem e ele apreende as novas linguagens incorporando ao seu som. A matéria é valorizada pelas palavras do crítico Pedro Alexandre Sanches e muito bem pontuada com as falas do guitarrista Pio Lobato, o padrinho da MPC, por assim dizer.
Gabriel Thomaz, da banda Autoramas, cujo pai mora em Macapá e tem muitos chegados em Belém, descobriu a guitarrada um pouco antes e até lançou uma música com esse nome no último disco de estúdio da banda, Teletransporte.
Vale ressaltar, porém, que artistas como Chico César, Lenine e Zeca Baleiro, um pouco mais velhos que essa nova geração e um pouco mais caboclos também, antes, fizeram referência em seus trabalhos à música paraense.
Dos paraenses modernos, Marco André foi sem dúvida o cara que mais valorizou a "pegada" cabocla ao dar uma guinada em sua carreira retornando às raízes paraenses. Assim como Pinduca, foi acusado de oportunista e de outras cositas más, mas seu trabalho artístico/fonográfico, embalado pela produção de outros brasileiros modernos e com a colaboração do excelente guitarrista Júnior Tolstoi, perdura como um dos melhores trabalhos contemporâneos a mesclar as influencias brasisleiras e gringas com o ritmos da Amazônia.
Poucos paraenses atentaram para esse potencial, associando a capacidade de vender o trabalho de forma eficiente.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Repercussão Pró Música

Mais discrepante do que o dado sobre a utilização da Internet para venda direta ao consumidor, talvez tenha sido o dado fornecido pelo Sebrae-PA sobre a renda de músicos, produtores e empresários da área. Segundo dados da pesquisa, publicados ontem no Diário do Pará, a renda média individual dos trabalhadores da música na RMB é de R$ 4 mil. Como explicou o consultor a média foi "puxada" para cima. Isso se deve porque alguns empresários ou produtores devem ganhar muito bem na casa dos quatro ou cinco dígitos, enquanto todos sabem quanto ganha um músico que trabalha na noite. Em média de R$ 50 a R$ 100 (nos melhores casos) por gig. Alguns donos de casas e restaurante não pagam mais de R$ 200 por cache não importa quantos músicos tenham na banda. O dado deveria servir para uma campanha do grupo envolvido com o Sebrae junto ao Sindicato dos Hoteis, Bares, Restaurantes e Similares para estabelecer um teto padrão. É justo, afinal todos sabem como os valores dentro desses estabelecimentos incluem o custo da música (mecânica ou ao vivo) no consumo.
Por falar em Diário, apesar do assunto espinhoso, o reporter Leonardo Fernandes, mais uma vez se saiu acima da média no desafio de descrever como foi o encontro no Sebrae-PA na última sexta-feira.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Lógica de mercado

A apresentação do diagnóstico setorial do projeto Pará Pro Música, sexta-feira passada no Sebrae-PA, provocou alguma polêmica entre alguns músicos, produtores e empresários do setor. A consultoria responsável pelo estudo entrevistou 78 artistas e empreendedores ligados a música independente na Região Metropolitana de Belém. O diagnóstico apontou, por exemplo, que mais de 90% dos artistas e empreendedores nessa área estão afastados das entidades representativas de classe (logo, aquelas que deveriam estar defendendo seus direitos) como o Sindicato dos Músicos e a Ordem dos Músicos do Brasil. Dado que corresponde a uma realidade reconhecida por muitos, mesmo sem o estudo.
No entanto, o dado que apontava que cerca de 30% dos entrevistados utilizava a internet para comercializar seus produtos foi questionado de forma bastante incisiva por um dos produtores presentes.
Segundo a manifestação desse produtor, “nem 5%” dos empreendedores da RMB utilizam a internet para fazer venda direta ao consumidor. Mas ele poderia estar sendo só um pouco intransigente e demonstrando má vontade com o projeto.
Um estudo como esse não deixa de ser limitado por atuar num campo nunca antes organizado e sistematizado segundo a lógica do mercado formal. Muitos empreendedores formais e informais nessa área provavelmente não tem a noção estreita do conceito de e-commerce. E considerando que grupos bastante representativos, como o Circuito Fora do Eixo e o Música Para Baixar, lidam com formas alternativas de comércio, esse conceito pode ficar ainda mais dúbio.
Músicos e produtores podem ter ao responder os questionários, reconhecido o ¨e-commerce¨ nos ¨negócios¨ (as aspas se justificam por não serem negócios tradicionais ou formais) que fecham através do site Toque no Brasil ou nas negociações por e-mails ou ainda através das redes sociais como My Space e Facebook. Assim todas as atividades “internéticas” dos independentes seria (mesmo formalmente identificadas como ações de difusão e de divulgação) considerada parte do seu negócio ou do seu comércio.
Mesmo não ganhando dinheiro, mesmo tocando de graça nos festivais ou distribuindo sua música sem cobrar nada, a maior parte dos independentes faz uma economia girar. E a lógica punk do “faça você mesmo” faz o “corre” ser encarado como um negócio de verdade, cada vez mais de olho que os indies estão no futuro de seus empreendimentos.
Alguns outros músicos e empresários se mostraram pouco tolerantes com o processo iniciado pelo Sebrae-PA. As observações deles são pertinentes, mas a resistência ao método me parece ter mais a ver com a pouca familiaridade com a teoria e a prática empreendedoras.
Essa "intolerância" também mantém um ciclo de polêmicas e atritos que pode afastar quem tem interesse em uma ação de potencial transformador como a do Sebrae-PA. A hora de agregar é agora. E muitos dos músicos e produtores que se manifestaram já levantaram em outros tempos a bandeira da “agregação”.
O processo iniciado pelo SEBRAE-PA está perfeitamente de acordo com a lógica de planejamento. Lógica, de modo geral, pouquíssimo absorvida pelas categorias que compõem a cadeia produtiva da música na RMB.
Num curso que fiz recentemente no SEBRAE aprendi que empreender exige um ciclo constante de ações de Planejamento, Execução, Checagem e Avaliação. Nessa ordem cronológica cada ação conduz a outra e ao final o ciclo se reinicia. O diagnóstico do Sebrae-PA é parte da primeira ação de planejamento. Ação que será submetida às demais durante o processo e aperfeiçoada no tempo certo. Se um estudo realizado com 78 agentes tem falhas imagine começar um trabalho sem esse diagnóstico ou com a visão de um único produtor, por mais competente que ele possa ser na sua área. Não dá para trabalhar no “olhômetro” e muito menos com as verdades pré-estabelecidas. Acredito que o projeto da música do Sebrae-PA vai estar muito a frente de alguns projetos semelhantes. Em primeiro lugar, pelo potencial que temos aqui, em segundo lugar, porque começa acertadamente aperfeiçoando as iniciativas já existentes em outros lugares, inclusive de planejamento e diagnóstico. É como diz uma canção que não me lembro de quem é: “demorou, vai ser melhor”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cool Blues


O bluesman Ricardo Pereira traz a Belém um dos gaitistas mais respeitados do País. Vale a pena conferir. Eu vou lá!

Stravinsky dançando Carimbó

O russo Vadim Klokov comanda o VK Trio


O ex-baterista da banda A Euterpia, Carlos Canhão Brito, está de férias em Belém. Ele se apresenta no próximo dia 23 deste mês de fevereiro com o músico russo Vadim Klokov (piano). O VK Trio se apresenta a partir das 18h na Capela de São José Liberto completo com Régis Patrick ao Contrabaixo. Patrick substituirá Saulo Rodrigues, que ficou em São Paulo, onde mora o trio. Patrick já fez parte do trio mas teve que deixar o grupo para assumir uma vaga na Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz. Vadim já morou em Belém, onde gravou pelo menos um disco com suas experimentações instrumentais. O trio deve se apresentar mais uma vez ainda, possivelmente no bar Cosanostra ou no Baiacool Jazz. Fica a boa sugestão. Quem quiser saber um pouco mais sobre o trio acesse o my space de Vadim e leia o release do grupo, abaixo.

VKTRIO – Rússia, Amazônia, São Paulo
Um triângulo que uniu três identidades e culturas tão distantes e finalmente tão próximas. As influências, a primeira vista, são antagônicas e paradoxais: Stravinsky dançando Carimbó, Bach fugindo da própria Fuga através do Progressivo, entrando na cadência da Vanguarda Acadêmica, às vezes é Jazz, é Rock suave, noutras é um Blues embriagante.... Tudo isso quer ser óbvio, sem camuflagem, mas as personalidades dos três músicos deixam esta textura soar como algo ainda sem gênero e nome, em constante pesquisa e a busca pela metafísica sonora.

VKTRIO:
Vadim Klokov – Piano
Regis Patrick – Contrabaixo
Carlos “Canhão” Brito – Bateria
Contatos:
11 – 8744 4157 / 91 3224 4041 / 91 8426 7469 : Carlos Brito
11 – 6442 9065: Vadim Klokov
vktrio@yahoo.com.br

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Musica Pará, Música Para...

¨A música constitui, ao mesmo tempo, a manifestação imediata do instinto humano e a instância própria para o seu apaziguamento¨.
Theodor W. Adorno

O consultor do Sebrae-PA Bruno Franco usa as palavras do famoso teórico da chamada escola de Frankfurt, que ajudou a decifrar os enigmas da cultura de massas, para contextualizar a música paraense. O diagnóstico setorial do projeto Pará Pro Música é um documento de 90 páginas que foi apresentado ao público na semana passada em uma reunião no auditório do SEBRAE. Fruto de estudos e entrevistas com quase 80 artistas e produtores da Região Metropolitana de Belém ele traz uma grande novidade para quem vive e estuda esse mercado há anos: a sistematização de dados e informações indispensáveis ao empreendedor. Algo imprescindível para seu desenvolvimento como mercado.
Através desse estudo é possível ter noção de como funciona o mercado fonográfico nacional e como se insere nele o singular mercado paraense, hoje objeto de estudiosos do mundo inteiro, graças, principalmente, ao fenômeno regional de massas chamado tecnobrega.
Além de questionários objetivos foram feitas entrevistas qualitativas com os principais agentes que atuam no mercado da RMB hoje: representantes da MPP (Cesar Escócio da ACLIMA), do rock (Rui Paiva, da Pro Rock), do brega clássico (Fernando Belém), da música de raiz (Marcio Jardim, da Associação de Percussionistas do Pará/Amapá), além de produtores e empresários do Coletivo Megafônica, MM Produções, Dançum Se Rasgum e NA Music, entre outros.
O documento faz parte agora do escopo do projeto Pará Pro Música, que vai ser lançado oficialmente na próxima sexta-feira, 19, depois deste Carnaval chuvoso, às 14h30 no auditório do Sebrae-PA na Av. Municipalidade, bairro do Telegrafo.
O projeto Pará Pro Música pode dispor de até meio milhão de reais durante três anos e traz entre as ações previstas a criação de uma feira de música de Belém (do Pará?), cursos de produção musical em nível tecnológico, formação e fortalecimento de rede de negócios, incentivo a mostras e festivais através de ações de promoção, participação em feiras nacionais e internacionais, além da qualificação empreendedora que cabe bem ao Sebrae.
O projeto pode significar uma pequena (enorme) revolução no mercado musical paraense, ainda mais quando for linkado às ações de apoiadores e colaboradores como a Secretaria de Estado de Cultura e outros órgãos, inclusive da iniciativa privada. Tal projeto, no entanto, impõe um desafio à classe artística e aos empreendedores do setor: organização e participação. Desafio que requer boa vontade de passar por cima de rusgas e ressentimentos que este mercado fomenta a todo momento. Será que, por tão pouco, vamos perder mais uma vez o bonde da História?! Se a música é o que Adorno diz que é, acredito que há uma chance de superar isso.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Coisa Pop

Já um pouco tardiamente acrescento entre os meus links favoritos o blog de Adriano Melo, o Coisa Pop, que merece estar na lista de quem acompanha o que acontece pelo Pará e pelo mundo em Cultura Pop. Fique de olho lá.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Imagens: Cultura Ativa

Finalmente, a fotógrafa Ana Flor liberou imagens da festa beneficente do grupo Cultura Ativa, que trabalha na baixada da Cidade Velha. Na foto Delclay Machado e Nego Nelson malinam com dedos velozes as cordas dos violões. E por falar em baixada da CV, até agora a Polícia não deu resposta nenhuma sobre meu notebook que sumiu por lá.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Na língua da melodia pop

Marcelo Kahwage e Dahrma Burns em um dos primeiros shows autorais do grupo. Registro de Ana Flor no segundo Bafafá na Praça da República

Marcelo Kahwage tem 29 anos e curte som desde os 15. Ouviu tanta música pop gringa que aprendeu a fazer canções em inglês com melodias elaboradas e pegajosas como alguns dos melhores compositores contemporâneos do estilo. Começou a ter destaque no rock paraense a partir de 1998 quando inaugurou a banda de grunge metal Caustic, que acabou em 2005 por divergências musicais. Depois de quase dois anos parado, voltou à ativa. Certa vez ele me disse: “Cara, eu gosto de música pop, gosto de produção. Esse papo de música lo fi me parece desculpa para fazer música ruim”. Com essa filosofia e suando a camisa para compor, Marcelo Kahwage e a banda Dahrma Burns chegaram a seu primeiro registro, Debut, que tem lançamento virtual no site Independentes do Brasil. Enquanto Marcelo deve estar num busão a caminho de Cuiabá, confira a entrevista abaixo que fizemos pelo MSN.

Nicolau: Como foi a experiência com o Caustic?
Kahwage: O Caustic foi meu primeiro passo como musico e compositor, foi uma banda muito importante do cenário, apesar das limitações de estrutura e outros aspectos, deixou sua marca em Belém. A banda acabou em 2005 por divergências musicais, mas de um modo tranquilo e sereno, apesar de ter deixado muita gente que curtia o som meio triste. Fizemos boas canções, tenho orgulho.

Quando você retomou seu trabalho como compositor e decidiu montar outra banda?
Tive que ficar um tempo só, tive uma banda cover muito importante pro meu amadureçimento musical , que foi bonustrack, que acabou também...fiquei um tempo procurando músicos, mas não queria os tarimbados, procurei uma pessoal novo, que fosse amadureçendo de acordo com o que queria criar, levei umas negativas. Tive muito problema com isso...

Não brinca!? Problema com músico?!
Mas achei a galera do Dharma que se mostrou muito talentosa e receptiva com minhas idéias.

Quando surgiu o Dahrma?
Surgiu final de 2006 como banda cover...Dai fizemos nossa primeira música chamada "Comfort me now" que foi muito bem aceita e de cara entramos no CCAA Fest, no outro ano entramos com Shining Stars. Daí foi só subir, tocamos no festival de musica independente, organizado pelo Bafafá Pro Rock, fomos selecionados diretamente pra tocar no Se Rasgum 2009, trabalhamos com o Gustavo Dreher, entramos no Megafonica, fomos selecionados em 3 gritos, sendo que em Brasília, disputamos com mais de 200 bandas. Ta sendo ótimo.

Dá para perceber muitas influências na música do Dahrma Burns, mas gostaria que você mesmo as nomeasse...
O Dharma Burns tem basicamente sua quintessência na musica pop, acho que os principais subestilos são o Indie Rock, o Powerpop dos anos 90 e o British Pop, mais ouvimos muitas coisas...acho que nosso som tá passando por uma metamorfose agora. Estamos incorporando alguma coisa dos 80's, sempre dando valor à melodia.

Esses estilos abarcam muitas bandas, quais as que você mais curte?
Cara, todo o dia acordo escutando os Beach Boys, eles são maravilhosos...curto muito Motown 60 e 70 e standards do pop (Burch Bacharat , Todd rundgreen) e bizarrices do pop 80's como Kate Bush e Talking Heads. No brasil pra mim quem manda é o Arnaldo Baptista.

Compor em inglês é uma opção?
Sim, digamos que sempre escutei muita música cantada em inglês. lembro do primeiro álbum que ouvi, um do Dire Straits, fiquei louco com o riff de "Money for Nothing". Mas podemos compor em português...to vendo essa possibilidade.

Como foi gravado o Debut? Quais as intenções da banda com esse registro de estréia?
Fizemos uma peneirada das nossas musicas mais fortes, algumas delas como Comfort Me Now e Day By Day tem mais de dois anos, nos concentramos em fazer os arranjos bem cuidadosamente, dobras de guitarras, trabalhamos o teclado, uma bateria simples, mas muito coesa e forte. Tive ajuda nas letras com ótimos letristas como Andro Baudelaire e Aloízio Neto. Gravamos com o Ivan Jangoux, que é um ótimo produtor. Meus companheiros estão de parabéns me ajudando nas composições. O Rafa fez guitarras maravilhosas e os outros não ficaram atrás e em todo o resto. Como a banda canta em inglês, tentei pegar as pessoas pela melodia vocal... me lembro do Elder [Effe, do Ataque Fantasma] me falando: "Cara, me identifiquei muito com as músicas do Dharma Burns, vocês sintetizam todas as influências que o Ataque Fantasma tem". Fico feliz, vindo dele que é um ótimo músico e melodista.

E essa de você ter mais duas bandas? Você parece os workaholics do rock moderno, tipo Dave Grohl, Josh Homme, Jack White...
(rsrs) É inevitável isso. Falei pro [publicitário e blogueiro] Azul: é pra compensar o tempo que fiquei parado. Sei me dividir, e também não trabalho só. A galera do Dharma me dá todo o suporte, no Baudelaires, tem o Andro, que é um puta músico, e no La Orchestra Invisível me divido com a Larissa Rigby, que vai dar o que falar esse ano.

Como você avalia o cenário do rock paraense agora em comparação com a época quem que você atuava no Caustic?
Naquela época era bem difícil. A estrutura de som não aguentava o Caustic, era na raça. Mas era bem legal. Hoje tá tudo mais fácil...internet, melhores estruturas etc. Acho que o rock esse ano vai dar uma guinada poderosa. Espero boas novas esse ano.

Pela noite: (bits) achados e (bytes) perdidos

Os caras do 16-Bits tiveram mais sorte que eu. Tinha pouca gente no Grito mas pelo menos não tinha flanelinha ladrão

Pois é. Hoje é terça-feira e eu sobrevivi. Era pra cobrir no final de semana o Grito Rock, mas tinha tão pouca gente na sexta-feira lá no Afrikan Bar que não deu pra ficar. Tive tempo de me surpreender com o som da banda 16 Bits, de Novo Repartimento. Você sabe onde fica Novo Repartimento?! Ela é conhecida como a Princesinha da Transamazônica e fica a mais de 700 quilômetros de Belém. Demora mais de 12 horas de viagem de ônibus para chegar na capital. Eu já passei por lá algumas vezes a caminho de Pacajá ou de Brasil Novo. Não dá vontade de parar. Mas foi de lá que Homer Serejo, 20 anos, saiu fazendo uma mistura ultramoderna de indie, grunge e electro rock, segundo a definição dele mesmo. Entre as influências ele citou bandas como Metronomy, Crystals Castles e No Age. Filho de nordestinos que se mudaram para o Pará na esperança de uma vida melhor, hoje Serejo canta (além das músicas próprias) covers em inglês com pose de guitarrista indie britânico, e não decepciona nem nas melodias nem nas pronuncias.
A adversidade ajudou a moldar o som. "Não tem ninguém que faz um som como a gente lá. Não tinha baterista, então, a gente começou a usar as programações para ensaiar, meio que como um quebra galho. Como não arranjamos mesmo um batera o computador foi ajudando a definir o som da banda", explica.
No final, a internet e a Prefeitura ajudaram a banda a ganhar o mundo. Através da rede se inscreveram e foram selecionados para as seletivas do Se Rasgum, depois se inscreveram nas seletivas do Grito Rock e passaram. "Se não fosse a prefeitura pagar as nossas passagens a gente não tinha como chegar aqui. E a internet sempre foi mais ou menos mas dá pra gente se manter atualizado. A gente quer muito mais. Somos pequenos mas pensamos grande", avisou.
(Imagina com o Navegapará o que mais pode sair do interior do Pará!).
E e foi quase tudo, além do início do show do Nego Bode, que pude aproveitar do Grito Rock. Lily e Karina queriam diversão, e o Grito não oferecia muito disso aparentemente. Na missão de descobrir um lugar legal para fazer uma festa em março, elas e eu, mais o Sidão, seguimos para o Bar do Ìndio, onde a Black Soul Samba agitava os esqueletos. Diversão garantida e o jogo ganho por um terço do custo.
Mas o barato saiu caro. A malandragem do Beco do Leão arrombou meu carro e levou nada mais nada menos que meu notebook com arquivos e trabalho de anos acumulado. Mais uma vez vítima de uma violência. Quando a gente é vitima de uma violência a gente sente vontade de revidar. Mas me contive. O bacana que me robou circula pela Cidade Velha até hoje, que eu saiba.
Faz-me um grande favor. Se oferecerem um Sony Vaio prateado com adesivos (entre eles do Sonic Youth e da MM Produções) me liga, vais me safar e poupar um monte de problema. Vais salvar o primeiro capítulo do meu livro e poemas inéditos, por exemplo, além de registros da música paraense muito importantes. Manda um email: nicobates@gmail.com.
Pois é, eu também tenho esse lado gonzo. E foi assim que eu antecipei meu descanso e não voltei ao Grito Rock no dia seguinte. Mas, fiquem tranquilos, continuamos trabalhando. Agora com mais vontade.

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Atenção: Por causa deste post a entrevista com Marcelo Kawage fica pra amanhã. Enquanto isso confira entrevista que Sidão fez no blog dele, o Rock Pará.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Músicos ativos

Salomão Habib, Nilson Chaves, Calibre, Augusto Hijo, Delclay Machado, Adriana Cavalcante, Joelma Klaudia, Juliana Sinimbú, Lia Sophia, Nego Nelson, Rafael Lima, Juçara Abé e Mário Mousinho foram alguns dos nomes que eu vi ontem na festa da Cultura Ativa, no Espaço Cultural Cidade Velha, em apresentações individuais ou concorridas jam sessions. A fina flor do bafafá do Pará, como diria meu amigo Paulo Martins, que está se recuperando em Roraima de uma leve indisposição. Visões e audições raras hoje em dia. Uma grande feito de Juçara, Carol e Natália, as meninas superpoderosas do projeto social que atende 120 crianças na baixada da Cidade Velha com oficinas culturais. Parabéns.

Caiu na rede...

O ano já começou e a blogosfera deve ser um espaço importante mais uma vez para as definições eleitorais no Pará, bem como no Brasil todo, principalmente depois de permitida a propaganda pela rede. O saudoso Juvêncio Arruda deixou um legado que não pode ser preenchido, ao mesmo tempo que foi parte fundamental da consolidação deste pedaço de esfera pública. Seria muito bom se ele pudesse ter visto a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, o deputado federal Jader Barbalho e muitos outros políticos chegando à rede através do Twitter e de blogs.
Há uma semana na blogosfera, o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, um dos últimos homens públicos do Pará a cair na rede, deu entrevista recente ao Observatório Eleitoral e tem sido alvo das polêmicas eleitorais mais prematuras.
Puty é um dos articuladores da criação e consolidação do projeto Pará Pro Música. Fez seu papel como Chefe da Casa Civil quando foi provocado pela articulação ainda incipiente da classe artística: mobilizou a máquina do Estado para um projeto estratégico que surgiu como demanda da sociedade civil organizada. É bom vê-lo se aproximar dos internautas e saber que tanto políticos quanto artistas estão chegando a um nível razoável de participação digital.
Dessa forma, Puty vai poder conhecer melhor o movimento que a música e as artes em geral estão mobilizando na rede e os atores desses segmentos podem saber como pensa o homem forte do governo. Uma aproximação necessária para consolidar a área cultural como um instrumento de desenvolvimento social importante para o Estado.
Há uma mudança em curso, sem dúvida. Acredito numa participação democrática evoluída, tão necessária para a nossa civilização, por assim dizer. A blogosfera pode ajudar a promover parte importante desse processo de participação.
O SEBRAE-PA apresenta o resultado do diagnóstico da música paraense na próxima segunda-feira, às 14h30, no auditório da sua sede na Municipalidade. É o início oficial do Pará Pro Música que deve ter a participação dos coletivos de música, artistas e produtores, além da parceria com outros órgãos de governo, para atingir suas metas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CulturAtiva convida

Você está convidado para o evento Jam Session CulturAtiva na Quinta dia 04 de Fevereiro, no Espaço Cultural da Cidade Velha ao lado da Praça do Carmo com os músicos Nilson Chaves, Salomão Habib, Paulo Assunção, Camillo Delduque, Delclay Machado, Mário Moraes, Juçara Abe, Adriana Cavalcante, Marcos Campello, Calibre, Mini Paulo, Aíla Magalhães, Nazaco (Trio Manari), Bruno Benitez, Adelber Carneiro, Grupo Charme do Choro, Juliana Sinimbu, Joelma Klaudia, Pedrinho Callado entre outros, onde iremos angariar fundos para o início das oficinas de 2010. As oficinas do CulturaAtiva são oferecidas a crianças e adolescentes da Comunidade Menino Jesus do Porto do Sal, do bairro da Cidade Velha.

Grito Rock agita o Carnaval do Brasil


Vai ter Turbo no Grito Rock Belém 2010

Os coletivos ligados à rede Fora do Eixo realizam a partir de amanhã mais uma edição do Grito Rock. O “festival” é, na verdade, uma grande ação integrada que se realiza com apoio institucional dos estados e municípios onde acontecem as mostras e com o investimento das bandas que se propõem a arcar com as despesas de passagens para divulgar seu trabalho em outras cidades.

O projeto de construção de sustentabilidade da música independente conta com mais de 40 festivais de música independente espalhados pelo País, ligados à Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) por onde centenas de bandas circulam todo ano. Dizem, o circuito independente mobilizou no ano passado, pela primeira vez, mais recursos que o chamado mainstream. Só a Feira Música Brasil mobilizou recursos da ordem de mais de R$ 4 milhões, a maior parte investimentos públicos.

O grande Carnaval Roqueiro vai invadir (ou pelo menos incomodar um pouco os sambistas de) 78 cidades do País. Buenos Aires e Córdoba (Argentina), Montevidéu (Uruguai) e Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) são as cidades que põem o Grito Rock no calendário cultural da América Latina este ano.

Minas Gerais é um dos estados mais organizados na produção independente. É o que tem o maior número de cidades a integrar o calendário: 14. O produtor Talles Lopes, de Uberlândia, diz que seu coletivo terminou o ano com R$ 1,5 milhão em projetos aprovados pela lei estadual de incentivo à cultura.

Através do site Toque no Brasil, em apenas 10 dias, foram recebidas 2,5 mil inscrições. 600 delas foram aceitas.

O Grito Rock Belém é organizado pelo coletivo Megafônica, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Cerpa, e terá este ano a presença de quatro bandas de fora do Estado, Fax Modem (AP), Brown-HÁ (DF), Gandharva (PE) e Mr. Jungle (RO). Turbo, Dharma Burns, Sincera, The Baudelaires são as bandas do coletivo que representam a Capital. Do interior do Estado, vêem para o festival as bandas 16 Bits, de Novo Repartimento, e Paralelo XI, de Primavera (esta última selecionada nas prévias do festival).
As bandas Nêgo Bode e Os Caras da Estrella abrem o evento. "Elas foram selecionadas através do novo projeto que a gente está desenvolvendo e foi batizado pelos meninos do coletivo de Banda Cabacinho", explica a produtora Bahrbara Andrade.


*Com informações do site DIVIRTA-SE, de BH.


SERVIÇO:

Dias 5 e 6 de fevereiro
Grito Rock Belém 2010
Local: African Bar
Hora: a partir das 22hs
Ingressos antecipados: $12 (Ná Figueredo), na hora $15

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Música e jornalismo: entrevista com Fábio Gomes

Quando fui agradecer o comentário elogioso de Fábio Gomes acabamos batendo um papo muito interessante para artistas e jovens jornalistas e estudantes das áreas. Por isso resolvi editar e publicar nossa conversa ao MSN. Além do Som do Norte, Fábio Gomes tem mais dois blogs (Brasileirinho e Jornalismo Cultural). E, a propósito, eu estava lá no Caverna Clube quando Andro (do Vinil Laranja) anunciou a banda finalista do Grito Rock Belém. Não publiquei porque a mostra foi transmitida ao vivo pelo Independentes do Brasil e imaginei que certamente estaria no blog do Megafônica. Mas é relevante o que Fábio ressalta. Confira, então, os principais trechos da nossa conversa abaixo.


Nicolau: Obrigado pelo comentário no blog. Fiquei lisonjeado. Posso replicar no meu?
Fabio Gomes: Não precisas agradecer, mereceste o comentário. Agora, se replicares, eu é que me sentirei lisonjeado.

Imagina. É isso mesmo. A gente tem que fortalecer a rede.
É por aí. Mas numas, né! Fortalecer o que é relevante.

Sim, claro.
No caso do teu texto, realmente me pareceu melhor dizer ao meu leitor ir no teu blog do que picotar teu texto. Lógico que ninguém quer picotar quando destaca trechos, mas na real é o que rola tecnicamente mesmo. Já o Sidney há alguns dias tinha me autorizado a reproduzir textos dele inteiros, se eu quisesse, e achei que esse sobre o Magnetique também era o caso de fazer isso. Assim também quem lê o blog acompanha várias visões da mesma parada. E, claro, fortalece a rede.

Tá certo. Conta um pouco como é essa história de jornalista gaucho fã do som do Norte?
É uma longa história. Mas tentando ser sucinto... Eu sempre fui aberto a sons novos, mas só fui me dar conta de que nessa novidade quase nunca tinha nada do Norte quando o Varadouro me convidou pra ir ao Acre em 2008. Fui ministrar um curso de Jornalismo Cultural e cobrir o festival. Aí conheci várias bandas do Norte: La Pupuña, Cabocriolo, Boddah Diciro, Filomedusa etc. Uns vão apresentando você a outros etc. Pouco depois, comecei a fazer assessoria de imprensa pra alguns artistas do Pará e chegou uma hora que tava dando um nó na minha cabeça em chegar a mim tantas referências de produção de qualidade, e saber que nada daquilo aparecia na mídia. E, obvio, que nunca iria aparecer mantido o status quo.

Que história!
Aí, resolvi fazer o blog pra começar a mudar o status quo.

Como você avalia essa atividade hoje no Brasil? Qual a relação entre as grandes revistas e o que ta acontecendo na internet?
O melhor jornalismo cultural no Brasil hoje está sendo feito na internet. A mídia impressa, principalmente as revistas mensais, não dão mais conta de acompanhar a efervescência. Mas isso as mensais acabam equilibrando ao optar mais por ensaios, entrevistas etc. Agora, o jornal diário poderia entrar numa de hard news na área cultural mas se omite. Sem querer me gabar, mas vamos lá: eu dei em 1ª mão que a banda classificada nas previas do Grito Rock Belém foi a Paralelo XI. Às 23h39, hora de Belém. Essa informação saiu nos jornais daí hj? Eu não li as edições de hoje. Mas enfim: já que o evento era anunciado, e faz parte da maior ação privada cultural já empreendida neste país – O Grito Rock 2010 -, não era o caso dos veículos destacarem alguém para cobrir? No mínimo combinar de ligar pra alguem do Megafonica numa hora X pra ter a informação e fechar a edição? O mais provável é que saia na edição de terça, quando quem se interessa já viu na internet. Você mesmo publicou na sexta a análise do show que viu na quinta e que provavelmente só apareceu nos jornais daí como agenda, antes do evento.

Você acha que isso justifica o fim das revistas?
Eu não falei em fim das revistas, e não vi isso na sua pergunta. Como eu disse, as revistas em geral acabam compensando o fato de não darem hard news culturais com uma análise mais aprofundada, entrevistas, coberturas mais densas que o do jornalismo impresso diário.

Certo. Na verdade era outra pergunta que eu tava pensando sobre a internet, enfim...
Claro que uma ou outra revista acaba fechando. Lembro agora da Palavra, que o Ziraldo editava em MG ali por 1998. Mas não vejo “ameaça” ao formato revista cultural.

E sobre a formação do jornalista cultural, uma vez que o jornalista hoje se forma em cursos "técnicos” nas universidades, e nós sabemos que o jornalismo cultural bem feito exige uma formação mais densa. O que você me diz sobre isso?
Bem, a maioria das universidades não tem Jornalismo Cultural como disciplina no currículo, e hoje por lei nem mesmo o diploma é obrigatório. Mas vejo que as empresas sérias continuam optando pelo diplomado. O jornalista interessado na pauta cultural em geral acaba se aperfeiçoando por conta própria, pois são poucos os cursos oferecidos pelas universidades na área de pós-graduação e especialização, e quase todos em SP e no Nordeste.

O Norte ressoando

Na redações por onde passei elogios eram raros. Parece que há uma máxima, nas redações de jornais diários principalemente: elogiar estraga o repórter. No entanto, quem entende a necessidade e reconhece a importância do jornalismo cultural elogia quando a gente acerta. E como isso não acontece toda hora (nem acertar e nem o reconhecimento), faço questão de replicar aqui o comentário do jornalista gaúcho Fábio Gomes, mantenedor do blog Som do Norte, que tem se mostrado muito atento, lá do outro lado do País, ao que acontece por estas paragens. Fábio contribui em muito para que a cena do Norte seja reconhecida pelo brasil afora. Foi uma grande honra ser citado com qualidades como "agilidade e maestria" a respeito do meu texto. Quem entende do assunto não usa palavras assim tão fortes à toa. Abaixo a integra do post onde surgiu a referência com link direto pra conferir as outras sugestões do autor. Logo mais publico um bate papo relevante sobre jornalismo cultural.

Na rede: Magnetique por Nicolau Amador

Na quinta, 28 de janeiro, quatro grandes talentos da música paraense estiveram reunidos no São Matheus, em Belém: Sammliz e Edinho Guerreiro (ambos do Madame Saatan) e Maurício Panzera e Arthur Kunz (do Clepsidra, os dois). Considerando que Sammliz e Edinho moram em São Paulo há dois anos (e já ontem tomaram o rumo da atual casa, na maior expectativa para o show do Metallica), e que Kunz no começo de fevereiro vai pra Itália estudar por pelo menos 3 meses, com certeza este encontro não deve se repetir tão cedo.
Outra coisa que não se vê toda hora é a agilidade e maestria demonstrada pelo "quase empresário, produtor musical, guitarrista da Norman Bates, jornalista, compositor e protótipo de escritor" (a definição é dele mesmo!) Nicolau Amador, que já na tarde de sexta comentava em seu blog Qualquer Bossa o show que assistira na noite de quinta. Amador definiu a performance de Sammliz como ousada, viu jazz e bossa nas harmonias de Edinho, e aprovou Panzera e Kunz não só quando a proposta era suingar, mas igualmente quando se exigia mais peso. Nem vou destacar trechos, remeto direto à leitura de Meninos, ouvi Magnetique!
A foto magnética é de autoria de Rodrigo Porto. Existe uma outra, colorida, obra de Sidclay Dias, que não consegui linkar pra cá. Ela é ótima, veja no Flickr do Sidclay.