sábado, 15 de agosto de 2009

Música e letra para crescer



Legenda: Norman Bates no Se Rasgum 2007, quando o cronista disse que não bastava botar óculos escuros e subir no palco fazendo pose (ou algo parecido). Registro de Renato Reis.


Ontem depois da jam no Casarão com os meninos do Sincera, uma das bandas classificadas na seletiva do Festival Dançum Se Rasgum, o vocalista Daniel me falou sobre uma “resenha” das seletivas publicada por um colunista velho conhecido do Diário do Pará. Foi a segunda vez que me falaram desse texto essa semana. Eu não li. Faz tempo que não leio tal coluna. Li algumas vezes, quando falava de música, e discordei. É grosseiro, pobre, cheio de clichês e viciado. Quando o autor começa a falar do seu dia-a-dia, de suas descobertas (que só interessam a ele mesmo), então, é melhor parar e não avançar sobre essas linhas muito mal traçadas.
Mas sempre tem algum impacto sobre a opinião pública a informação e a opinião deturpadas, viciadas. Um cidadão que foi vocalista(?) de uma banda que quase ninguém conhece e escreve um livro para se incluir na história tem no mínimo segundas intenções duvidosas. Pessoas assim já davam aula em cursos de jornalismo fuleiros pouco antes do diploma não valer nada. Por isso, nós, jornalistas, deveríamos ter mais cuidado e separar joio do trigo. Não tivemos esse cuidado antes. Agora pagamos o preço.
Mas, voltando à música. O cronista indigitado foi o mesmo que escreveu ao final da segunda edição do Se Rasgum um artigo em que atacava o Norman Bates, sem citar o nome da banda e sem análise técnica alguma, fazendo referência implícita; insinuava maliciosamente o Suzana Flag e detonava com esse tal rock paraense, que cronistas como ele se acostumaram a referir-se como um ser assombrado e assombroso.
Segundo aquele texto, a produção musical de Belém estava sendo “alfabetizada” pelos produtores da Se Rasgum quando eles traziam à cidade grupos como Nashville Pusy, banda gringa que arrebentou naquela edição com uma série de clichês do rock que os americanos inventaram, e depois da qual o Norman Bates subiu ao palco menor, sem ter visto o show da banda americana, para fazer apenas o que sempre soube fazer, e continua a fazer um pouco melhor a cada ano.
Na minha opinião sincera (dane-se o trocadilho), esse rapaz não precisava ser tão grosseiro com tantos jovens artistas ¬-- que representam, com todos os seus defeitos, uma vanguarda em Belém -- para puxar o saco de ninguém e manter privilégios mesquinhos aos quais os jornalistas como ele estão acostumados.
Pois bem, não li e nem vou perder meu tempo lendo a última resenha. Pelo que outras fontes me informaram, Daniel “decorou” todos os clichês possíveis do novo rock. O recado dele para o cronista me vale como resposta simples que ele merece: faça você melhor. O cara que tratou o ser assombrado como um aleijado que não sabe andar bonito porque tem deficiência congênita agora critica os clichês adquiridos na melhor escolha do rock pelo vocalista do Sincera. (?!) Parece estar confuso. Parece que não evoluiu sua crítica com coerência. Ou esqueceu de ser honesto e dizer ao leitor que ele prefere ficar em casa ouvindo os discos do REM com seu amigos. Já pensou escrever toda semana um artigo sobre como eu ouço e ouvia discos com meus amigos? Putz. Quem perde seu tempo!?
Pelo que disse a terceiros e não escreveu, esse cronista de araque tem ainda outras intenções escusas que não devem ser pactuadas com quem tem interesse no fortalecimento do cenário musical paraense, como alegam os produtores do Se Rasgum.
Vão dizer que meus comentários são invejosos, que sou encrenqueiro etc. Mas, convenhamos, isso é muito mais mesquinho e insensato que qualquer jogo de vaidades simplesmente.
Ninguém precisa ser bajulado, adorado como deuses, seja na seara artística ou de produção, para dar sua contribuição. Nossa cena tem várias limitações que se justificam em vários contextos. Se alguém tem boas intenções seja na evolução artística ou profissional dos paraenses, não deveria agir dessa forma. Não é o caso do indigitado. Belém é maior do que isso e está crescendo ainda mais. Deixemos essas mesquinharias para trás, para crescer.

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