domingo, 30 de agosto de 2009

Maluco não pára...


Cravo Carbono por Renato Reis.

...maluco dá um tempo, já dizia o jargão da malandragem classe média do bairro do Marco. Não fossem quase dois nerds, poderia se aplicar a frase a Bruno Rabelo e Lázaro Magalhães (ex-integrantes do grupo Cravo Carbono), que depois de quase dois anos preparam um novo projeto musical, guardado a sete chaves. Musicalmente adiantado, o projeto ainda não tem nome nem previsão de vir a público, mas não tarda. Quando você menos esperar está por aí, quem sabe nas aparelhagens de Belém.

Bruno e Lázaro protagonizaram, junto com Pio Lobato, um episódo curioso e um tanto bizarro dentro de uma dessas novas redes sociais. Numa tarde qualquer, depois de comentar um tópico de uma fã da banda na comunidade do Cravo Carbono no Orkut, Lázaro e Bruno se viram defedendo pontos de vista, ora atacando ora defendendo-se de Pio, às vezes com pouquíssima discrição. Publicamente, numa pendenga que durou dias. De acordo com o debate, o CC era uma banda dividida entre uma ala "profissional" integrada pelos músicos por formação e escolha, que eram Pio Lobato e o baterista Vovô, e os "amadores", formados pelos dois outros parceiros, que dividiam suas atividades como músicos e compositores com outros empregos diurnos, supostamente menosprezando a atividade musical.

O Cravo Carbono não fez nada menos que revolucionar a estética da música paraense, trazendo as influências do pop e do rock progressivo e fundindo-as ao merengue, ao brega, à guitarrada, tudo muito bem temperado com um suíngue atípico e uma poesia refinada. Talvez o tenha feito por ser extamente isso que seus integrantes expuseram a público de maneira tão chocante: um ser híbrido, que foge aos padrões da indústria da música. Coisa comum na fase semi-profissional que a música paraense se encontra, a meu ver, desde sempre.

Quando essa fase for suplantada talvez nós continuemos a perder coisas mágicas como o Cravo Cravo e tantas outras bandas que ficam sempre pelo meio do caminho. Mas temos esperanças de ganhar novas coisas muito boas também.

4 comentários:

Didi Fadul disse...

CC é incrível, tanto no palco quanto no estúdio. Sou muito fã.

Tive a sorte de conhecer Pio em umas gravações da nossa (Aero) participação no CD da Iva Rothe. Tive muita sorte de conhecer o Bruno aqui na EGPA. Troquei figurinhas com ambos e é fantástico o quanto eles estão dentro da música e quanto que a música está dentro deles.

Queria ter a certeza de chegar nesta idade, uma década a mais do que eu, pelo menos, e ainda manter este brilho no olhar ao falar dessas coisas.

Sou muito fã.

Nicolau Amador disse...

Cravo Carbono é tão incrível que eu demorei a entender! E a história da banda (muita coisa além do narrado aqui) tem muito a dizer sobre a nossa incapacidade de organizar uma cena, um mercado, enfim. Há muitas lições em tempo de aprender. (Curioso para ouvir as coisas que voces gravaram com a Iva).

Dani Franco disse...

Nossa, essa coisa de ter esperanças parece fim de carreira mesmo... Dá uma pena pensar em ter esperança pra música feita aqui, pra nossa "cena".
Ter esperança com a cena, pra mim, é o mesmo que decretar que aqui "tudo tem e nada presta"...

Enfim.

Ainda vejo o Cravo como o melhor que já tivemos aqui. Não é só o rock, não é só a música, não é só a estética. Era o contexto, a necessidade. Era principalmente o hibridismo continuado e explícito que transmutavam conceitos.

Hoje, infelizmente, não vejo mais jóia no metal que precise ser tirada nessa nossa "cena". Só vejo o "vil metal" e o desinteresse pela qualidade, sem qualquer viés de transformação.

Acho que os únicos animais que raciocinam são mesmos de 10 anos atrás...

Nicolau Amador disse...

Dani, não vejo mal em ter esperanças. A gente transformou o ato de fazer música num lance tão complicado que o blog tá se tranasformando em um veículo inteiro para refletir sobre isso. 10 anos atrás nossas cabeças não entendiam muita coisa. É muito bom saber fazer melhor, não estar sempre completamente chapado durante os shows e poder fazer coisas ainda mais legais e transformadoras de verdade. A música é o meio, não é o fim.

Beijo para voce e clarice.