segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Azul e amarelo

A julgar pela homogeneidade do caráter dos candidatos a prefeito de Belém (observada por alguns analistas), pode-se dizer que a mistura do amarelão do Dudu com o azul desbotado de Priante provocou uma ressaca esverdeada na cidade. Após uma votação atribulada em que 20% dos eleitores deixaram de votar, principalmente por causa dos problemas com as urnas eletrônicas usadas nestas eleições, o suco esverdeado, resultado da mistura das cores primárias, provocou mal-estar generalizado.
Pesquisas de opinião não divulgadas pela grande imprensa davam certa vantagem de Mário sobre Priante, o que gerou grande esperança nos quadros e militantes do PT em um segundo turno de cores mais quentes.
Ficou certa perplexidade e descontantamento. "Mas o que teria acontecido?", devem estar se perguntando os dirigentes da campanha petista.
O problema com as urnas prejudicou o candidato certamente. O grande eleitorado, que não tinha informações privilegiadas sobre pesquisas alternativas, e que poderia votar na confiança do partido do presidente Lula, pode ter fraquejado, como pareceu fraca a campanha petista na maior parte do período que antecedeu a eleição.
Mesmo ciente da possibilidade de segundo a turno, a militância não parecia tão engajada. Na seção eleitoral onde votei, na Sacramenta, um reduto petista, não havia sequer fiscais do partido. No Telégrafo, onde votaram também minha mãe e minha irmã, a situação era a mesma.
Para que a mãe de uma amiga minha votasse em Mário, foi preciso que ela a levasse na seção eleitoral pela terceira vez, depois de constantes problemas com a urna. Onde houve problemas técnicos e demora, só votou quem estava decidido por seu candidato.
Talvez a militância petista não contasse com esse contratempo técnico, afinal o que se espera de um país que anualmente tenta afirmar a competência de seus tribunais eleitorais através da propaganda é que ele garanta o mínimo, o direito ao voto.

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