segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sobre o "Imagem e Comprador"

A pouca frequência que teve o seminário "Imagem e Comprador", realizado no último sábado na Estação das Docas, parece confirmar que os produtores e artistas locais ainda não se encontram no nível de negócios que propõe o projeto da BM&A. Isso é verdade somente em parte, e torna a iniciativa da Dançum Se Rasgum ainda mais nobre e importante. Se por um lado ainda estamos engatinhando e muitos ainda não podem oferecer os "produtos" que os estranegeiros desejam, por outro, a presença de produtores e jornalistas que estão diretamente ligados ao business da nova música mundial alerta e mostra que fazer negócios na globalização não é tão difícil quanto se imagina. O que se disse durante toda a palestra não foi para muita gente uma novidade. Mais importante do que as "dicas" e conselhos, era ter acesso àquelas pessoas, que são empreendedores, como quaisquer outros, interessados em novidades que possam vingar em um mercado. A ausência de muitos importantes artistas e produtores locais é um alerta também para o Estado, que tem um papel importante em reconhecer a atividade artística como uma possibilidade econômica viável e como meio de desenvolvimento social. O Estado não pode continuar tendo uma postura tão assistencialista. Precisa incentivar o empreendedorismo artístico e para isso precisa entender como funciona o mercado. Os técnicos da Secult deveriam estar lá também. Os primeiros editais do governo (que não deixam de ser um avanço) são, também, a prova de que eles ainda engatinham nesse lado.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Imagem e Comprador - Parte III

No sábado 23, parte da comitiva estrangeira vai participar de um seminário aberto à classe artística paraense. David McLoughlin, representante da BM&A, apresentará o projeto de exportação Música do Brasil 2008, incentivado pela Apex.
A Brasil, Música e Artes (BM&A), realizadora dos projetos Imagem e Comprador, é uma associação privada constituída legalmente como uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), sem fins lucrativos, com sede em São Paulo. Foi fundada em Julho, 2001, com o objetivo fim de encorajar e organizar ações de difusão internacional de música brasileira
A Apex-Brasil é uma agência do governo federal que trabalha com o objetivo de estimular as exportações brasileiras. Executa projetos com mais de 60 entidades de classe representativas de setores da indústria e serviços. Vem contribuindo para os resultados da balança comercial por meio da diversificação da pauta exportadora.
Os ingressos para o seminário de amanhã custam R$ 5. Estarão à venda na Estação das Docas.

Imagem e Comprador - Parte II

Os jornalistas presentes são:

Tracy Mann (EUA), da MG Limited, maior e melhor empresa de promoção e marketing nos EUA. Trabalha com artistas como Bebel Gilberto, Maria Rita, Céu, Gilberto Gil, Jorge Drexler e Bajofondo Tango Club.

Jody Gillett (Reino Unido), da Free Associates. Faz divulgação e promoção na Europa. Trabalha com música há dez anos na European Promotion, no selo Rykodisc, e tornou-se gerente do selo Hannibal na RykoLatino, mudando para marketing internacional na Palm Pictures. Passou a cuidar do mercado europeu de promoções para a Trama e Ether Music. Já trabalhou com Nação Zumbi, Carlinhos Brown, Tom Zé, entre outros.

Jim Carrol (Irlanda), escreve sobre o negócio da música no Irish Times, jornal de circulação nacional na Irlanda, com base em Dublin. Já trabalhou em importantes meios de divulgação, incluindo NME e I-D. Já trabalhou com selos como Warner, London Records, Rondor Music e Go! Discs. Foi co-fundador do selo independente Lakota, comprado pela Sony Music, e também do Choice Music Prize, na Irlanda.

Alex Robinson (Reino Unido), premiado fotógrafo e escritor, tendo publicado textos e editoriais de fotos no The New York Times, Demon Music Group, Union Square Music, The Smithsonian Institution, Conde Nast Traveller, The Financial Times, Songlines, The Sunday Times Travel, The Sunday Telegraph, Terra, The Word, Music Week, e Wanderlust.

Imgem e Comprador - Parte I

A Euterpia, Albery Albuquerque, AMP Group, Arraial do Labioso, Coletivo Rádio Cipó, Floresta Sonora, La Pupuña, Marco André, MG Calibre, Nego Nelson, Suzana Flag, Trio Manari e Vinil Laranja foram os artistas selecionados pela BM&A e compradores no projeto que a Dançum Se Rasgum está trazendo a Belém. Eles defendem hoje à noite na Estação das Docas seus trabalhos diante dos 10 executivos e jornalistas musicais internacionais. De acordo com o release para a imprensa, os “compradores” são:

Brent Grulke (EUA), do cultuado festival South by Southwest (SXSW), realizado durante uma semana do mês de março em Austin, Texas, envolvendo centenas de músicos.

John Bissell (EUA), especialista em trilhas sonoras, tendo trabalhado com nomes como Robert Redford, o homem por trás do Sundance Festival.

Olivier Lacourt (França), vice-presidente do French Export Bureau, órgão que centraliza as informações sobre a exportação da música produzida na França e participa do desenvolvimento de projetos no exterior.

Mark Gartenberg (USA), com experiência de 22 anos no mercado musical passando períodos em Londres, Dallas e Nova York pela Sony Music.

Neil Mowat (Reino Unido), diretor da Better Days, agência do Reino Unido especializada em marketing e gestão de marcas e que promove festivais de música The Tennent's Mutual e o TrocaBrahma.

Gene de Souza (EUA), trabalha com jazz e MPB e promove a música brasileira em Miami, Flórida, através da Café Brasil Radio Show e da realização de concertos com a Rhythm Foundation. Atualmente, está envolvido em uma turnê de Gilberto Gil, Milton Nascimento e Jobim Trio em Miami.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Fundo de Cultura

Este ano, uma enxurrada de projetos foram aprovados na Lei Tó Texeira. Multiplicou o número de captadores profissionais que trabalham em média com 20% de ganho sobre o valor do projeto, o dobro do que a lei permite oficialmente. Alguns deles aprovaram mais de trinta projetos de uma vez, usando nomes até dos filhos. Muitos políticos usaram sua influência junto ao empresariado para conseguir patrocínio para projetos apadrinhados.

Com a Lei Semear, não é melhor a situação. As empresas que patrocinam utilizando esse benefício não cobrem nem metade dos recursos de renúncia fiscal disponíveis, o que torna inviável a execução da maioria dos projetos. Algumas "pedem" a devolução dos 20% que seriam contrapartida à renúncia fiscal, que cobre oficialmene 80% do orçamento dos projetos beneficiados.

Essa situação, que beira a marginalidade, precisa ser revertida. O mais impressionante é a passividade da classe artística diante de tal situação. Vira e mexe alguém aparece nos cadernos "de cultura" falando sobre como é difícil conseguir apoio para as produções, mas ninguém dá nome aos bois ou explica a real situação. Há quase dois anos, a repórter Márcia Carvalho expôs de maneira bem clara e direta uma dessas situações, dando como exemplo o caso da banda Suzana Flag, que teve projeto rejeitado na Semear mesmo tendo carta de patrocínio de uma operadora de telefonia móvel. Não repercutiu como deveria.

A criação do Fundo de Cultura, que o PT implantou em todos os principais estados e/ou prefeituras onde assumiu o governo, poderia amenizar a situação. Grande parte da produção de vanguarda de Recife teve apoio do fundo de cultura de lá. Atualmente, segundo informações do prório secretário Edilson Moura, o fundo está em articulação com a Secretaria de Fazenda. Já está mais do que na hora.