segunda-feira, 9 de junho de 2008

Qualquer bossa vale uma nota na Amazônia

Parte III

Para a valorização do artista paraense e sua inserção em um mercado mais que incipiente falta um salto de profissionalização, de capacitação, que exige um esforço coletivo grande. Primeiro, de superação das diferenças dos atores sociais que movimentam a produção artística no estado do Pará. Aqueles que se movimentam nessa área meio nebulosa da produção artística autoral não são muitos e se esbarram vira e mexe. Deveriam ter seu esforço somado para fortalecer o setor. Mas, ao contrário de outros setores “produtivos” onde o empresariado e mesmo os trabalhadores se unem em prol de seu desenvolvimento, os artistas e produtores da área se digladiam em devaneios de “superegos” típicos de quem produz arte em estágio primário.
Desenvolver essa cultura depende de esforço conjunto da iniciativa privada, de organização das classes, de diálogo progressista e da intervenção crucial do Estado, em acordo com as idéias propostas por esse fórum. Há que se traçar planos e projetos conectados a um objetivo maior e desenvolver frentes de trabalho, baseadas na teoria do economista John Maynard Keynes (obrigado professor Fábio Castro pelos comentários).
A idéia do portal na internet para venda e promoção da produção paraense é o projeto que mais tem entusiasmado os artistas engajados nesse movimento. Seria o carro-chefe dessas frentes de trabalho – que envolveriam ainda projetos na área de difusão através de eventos, festivais; feiras de negócios em música; formação e capacitação de agentes e produtores etc.
Atrelado à estrutura de um ponto de cultura, gerido pelas associações, e a uma estrutura de gravadora, editora e produtora (estas, iniciativas do empresário Na Figueredo), o portal pode vir, junto com a citada mobilização de outros setores, a ser um grande instrumento de valorização do artista paraense, inclusive economicamente.
Não se tem idéia real de quanto gera a economia da música, principalmente em nossa região. Mas podemos supor facilmente que ainda gera menos dividendos financeiros que a indústria do minério, por exemplo. Ela, porém, torna-se significativa para uma classe relativamente grande e socialmente importante, pois soma ainda uma cadeia produtiva que gera emprego e renda principalmente para artistas e profissionais jovens. Ela polui muito menos que as demais e, com o advento do download digital, gera pouquíssimo excedente. Sem contar seu potencial socializante e, por que não dizer, educativo.

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